Homem que é homem não rejeita mulher. Homem não se arruma. Não depila. Gosta de cerveja. Chama de gostosa quando um pedaço de carne passa na rua.
Tem que provar que é macho. E macho não pode gostar de outro homem. Daí não é homem.
Homem não pode ser gay, bicha, bissexual, veado (ou “viado” como os moleques costumam usar). Tudo isso é xingamento. É pior que sair com a mãe do amigo.
O brasileiro ainda é hipócrita. Finge ter a cabeça aberta e jura de pé junto que não é preconceituoso, mas vive fazendo brincadeirinhas sobre o assunto.
Insiste em provar a masculinidade sempre que pode. Já fiz o exercício de perguntar a muitos homens o que eles fariam se descobrissem que um grande amigo é homossexual. A maioria costuma dizer que não abandonaria a amizade, desde que o amigo não chegasse perto (literalmente).
Para esses mesmos homens questionei o que achavam de duas mulheres juntas. Todos aprovaram. “Daí é diferente”.
Dizer o contrário para todos esses casos é sair do círculo. É ser linchado não só pelos homens, mas também pelas mulheres. Os homens são constantemente cobrados por ambos.
Elas dizem: Não beijou a minha amiga? É frouxo. Não pediu para sair com aquela menina? É veado. Homem bissexual? Não existe!
Depois, como se não fizessem parte de todo esse circo, essas mesmas pessoas dizem: “Pô, por que o cara é enrustido? Por que não assume logo que é gay?”.
É preciso ter coragem pra enfrentar esse batalhão. Tem que ser homem de verdade.
Parabéns aos que conseguiram. E força para os que ainda estão tentando vencer essa guerra.
Amei o texto!!! Concordo plenamente: os homens tbm acabam sofrendo com o machismo! Não têm como fazer bem à ngm! –‘
ser homem bissexual é uma tarefa complicada pq o preconceito vem de toda parte,são de mulheres que acham que isso te faz menos homem,dos homens que vão te rotular de “viadinho” e dos próprios gays que acham que vc é um gay enrustido…é mt complicado isso
Comentário bem pertinente, a mulher quando assume que já ficou com outra, nunca vai perder os “status de mulher” mas se isso for dito por um homem, já é o suficiente para ele ser tachado gay pelo resto da vida. O bi feminino é bem visto, é aceito e considerado sensual, já o masculino é considerado feio e nojento, inclusive muitas mulheres bi possuem essa visão.
Engraçado a foto ser justamente desse filme que amo…aqui no meu trabalho tenho amigos que disse que não veriam nem a pau o filme. Mesmo eu explicando que é uma tremenda história sobre desejo e solidão (um dos caras é bi também) Os carinhas não dão o braço a torcer. Fazem piadinhas, falam de homens e de mulheres. Pra mim são uns babacas machistas. Mas concordo com o Marcos aí. Infelizmente essa questão de ser bi é muito delicada e as pessoas são muito idiotas pra entender.
Apesar de ser casado com uma bissexual e ser hetero, eu acho que sexualidade é algo particular, não público. Se todo mundo guardasse sua opção sexual para si e para seus parceiros, o mundo seria um lugar melhor.
Adorei seu comentário Marcelo.
Eu também vivo a mesma situação com meu marido. Sou bi ele e hétero temos uma relação as claras nunca escondi nada dele e ele nada de mim . somos casados a 7 anos e temos um relacionamento de 14 anos. Tenho minhas necessidades e desejos assim como ele tem as dele.
E a gente se respeita porque não existe hipocrisia e isso é o que importa.
Um coisa é a pessoa ser discreta, e outra bem diferente é ver-se atado a viver de “faixada”, para poder seguir “a moral e os bons costumes”.
Um coisa é ser discreto, e outra bem diferente é ver-se atado a viver de “faixada”, para poder seguir “a moral e os bons costumes”.
Não vejo problema quando um cara quer ser carinhoso comigo e sabemos como é raro! Quando pegava o ônibus mais confortável e último horário e o cara me pagava a passagem e, o motorista coroa como eu, dizia ao cara, que tinha 35 anos: cavalheirismo eh bonito! Depois para descer, relaxado pelos beijos do meu namorado, ouvia do motorista que podia descer sem pressa! O mundo precisa ter momentos afetuosos mais seguidos!
Há algum tempo eu já havia dito algo parecido com o que está escrito no post em outra postagem aqui do Blog e, claro, concordo.
Vou fazer um relato e espero que entendam: há alguns dias estávamos entre vários amigos falando sobre sexo, sexualidade, enfim. De antemão quero lhes dizer que era um papo bacana, não do tipo “sou ultra-machista comedor”. Pelo contrário, estava bem sossegado. No entanto, vi que mesmo com pessoas progressistas existe um certo limite. Teve um amigo que disse:
“Na cama acho que vale tudo, não tenho preconceitos desde que a mulher não queira me enfiar o dedo”
Sei que parece engraçado rsrs, sobretudo pra mim, pois na hora eu fiquei quieto, mas pensei comigo: mal sabem eles que eu não só gosto que as mulheres me enfiem as coisas (minha esposa e eu fazemos inversão), como sou bissexual.
E seu eu dissesse que curto e acho legal? Provavelmente ficaria um negócio complicado. Ser bissexual homem é bastante difícil, pois muita gente acha que trata-se apenas de um gay enrustido. A questão muito delicada, sempre.
Pra mulher tbm é complicado Marcelo.
Meu noivo sabe que sou bissexual, mas evito contar pras outras pessoas, familia etc.
Alem de constrnagedor, todos pensam que somos gays, lesbica …
dificl ser bissexual.
Saio com um amigo há algum tempo, ele sempre frequentou cubes de swing e me contou. Agora ele quer sair comigo e outro homem, é uma fantasia dele. Será que devo aceitar? Talvez a bissexualidade dele devesse ficar mais “contida”. Gostaria que alguém conversasse comigo sobre isso.
Primeiro pergunte a si mesma se vc aceitaria sair com 2 homens ao mesmo tempo, o resto vai se conversando….
Eu fico me perguntando, e sei que serei preconceituoso em meu comentario, será que esse homens que se casam com mulheres bissexuais e aceitam tudo numa boa, nao seriam bissexuais tambem, e nao querem aceitar isso nem pra eles mesmos? Homens qdo sao muito mais dificeis do que mulheres, e o preconceito em cima dos homens é mil vezes maior
Marcelo Matte voce vem aqui dizer que sua mulher é bissexual, mas aconselha os outros a nao se assumirem? Quanta hipocrisia! Voce so fez esse comentario pois ele fala especificamente de homens gays, aí nada pode! Sabe-se la se vc e sua mulher nao dividem mulheres na cama, e voce incomodado com a homossexualidade masculina alheia? Realmente a hipocrisia fede!!!!
Realmente na sociedade em que vivemos onde o preconceito é forte, assumir certas coisas é complicado. Parabéns para aqueles que conseguiram!!!
Sou homem maduro (49, quase 50), divorciado pela segunda vez e dois filhos, agora, adultos.
Tive a minha primeira experiência aos 17. Era garotão e bem resolvido. Estudava, ralava como todo garoto de periferia e saía com algumas meninas. Todos sabiam que meu perfil estava perfeitamente compatível com o perfil dos outros garotos: rapaz bonito, trabalhador, estudante e… garanhão.
Um dia, sem que me desse por isso, fui a um banheiro público e fui assediado por um homem. Bonitão, por sinal. Saímos do banheiro e conversamos longamente. Nos relacionamos num motelzinho barato do centro da cidade. Naquela época, não havia nenhuma preocupação com camisinhas, aids, dst e outros tabus trazidos para a modernidade.
Ficou nisso durante muito tempo. Não pensei mais no assunto. Continuei saindo com as garotas. Até que uma engravidou. Eu, com 22 e ela com 17.
Tivemos o nosso menino. Lindo! Amado!
Casamo-nos e vivemos juntos pouco tempo. O tempo suficiente para ter certeza de que não havia felicidade na nossa relação conjugal. Era trabalho demais e prazer de menos. Seguramos a relação enquanto deu.
Continuei a vida. Continuamos amigos.
Depois de muitos anos, tive outra experiência com homem… e outra e outra. Comecei a desejar estar com homens, preterindo a companhia feminina. Para mim, constituía mais prazer (sexualmente, dizendo).
Entre tantos tabus, mais tarde, preferi novamente a companhia de mulheres. E me envolvi novamente com uma amiga professora da escola em que trabalhava. Relacionamos durante um bom tempo até descobrir que a companhia feminina dava tanto prazer quanto a masculina. Gostava de fazer sexo e ter a companhia dela. Abandonei meu lado bi. Sexualmente, estava novamente hétero (considerando a performatividade trazida por Judith Butler). Estava feliz. Por isso, casamos.
Durante um bom tempo, era tudo o que eu queria. Nosso sexo era bom demais e ela adorava estar comigo e vice-versa.
Daí um período, começaram as cobranças. Ela se tornou imensamente possessiva e dominadora. Tudo… tudo tinha que ser do jeito dela. Abandonei meus amigos, deixei de fazer um tanto de coisa que antes era rotina e tornei-me “reificado” pelos desejos dela.
O sexo perdeu a graça. Não tinha o tesão de antes.
Amava-a, incondicionalmente. E percebendo que a vida estava “desmoronando”, o sexo ficando cada vez mais sem graça e o distanciamento tomando conta de nós dois, comecei a propor alguns jogos sexuais. Inicialmente, com assessórios; depois, com proposta de irmos a uma casa de swing e outras cositas mas. Não resolveu. Estávamos para finalizar a relação.
Um dia, entrei no site de bate-papo. Sala de casais. Teclei um bom tempo com o mesmo cara. Ele tinha inúmeras fantasias com casais. Embarquei no papo e acabei por achar o cara bacana e galanteador. Era perfeito: discreto, trabalhador, da idade dela (eu era mais velho).
Propus, aos poucos, que saíssemos para conhece-lo. Ela, a princípio relutante, topou.
Já no primeiro encontro, resolvemos ir para o motel.
Bem… quero contar o resto, mas quero, antes, saber se esse relato será publicado.
Abraços!
Joca, de Belo Horizonte
Completamente perfeito o que foi colocado nesta postagem. O machismo é algo que tem atingindo e muito os homens bissexuais. É um preconceito gerado do machismo dos homens contra os homens bi e até de algumas (ou muitas mulheres) contra o homem bi no imaginário de que homem tem que ser assim ou assado.
Eu creio ser possível uma maior visibilidade do bissexual e em questão agora, do homem bissexual.
Muito bom o texto.