28 de março de 2024

67 thoughts on “Uma fiel católica bissexual

  1. Lindo esse post,
    Me identifico muito com essa religiosa, pois eu também sou oriunda de família religiosa, evangélica mais especificamente, e desde a infância sentia atração por mulheres e nunca senti nada por homens. Nas brincadeiras eu sempre queria ser o homem, o príncipe, o pai, mesmo sendo uma garota. Me interessei pela primeira menina aos 6 anos, tive a coragem de me declarar pra ela. Coragem oriunda talvez da minha inocência naquela idade, não sabia que isso era errado, apenas sabia o que sentia. Após perceber o quanto isso era abominação perante Deus, passei a me reprimir, a me isolar de mim mesma, mas é como a garota do post falou, quanto mais você reprime, mas você tenta esquecer, mas forte aqueles sentimentos gritam em você. Já sofri muito quando lutava contra isso, me tornei uma homossexual egodistônica. Curiosamente pras pessoas que me conheciam, nunca me incomodei com os gays, meu problema sempre foram as lésbicas. Até que teve um dia que me apaixonei por uma. Em devoção à Deus e como prova de que queria me livrar daquele pecado (era o que pensava na época, tinha apenas 16 anos) a tratei friamente, cruelmente, na verdade. Lembro-me de, nesse dia, chegar em casa, fechar a porta do meu quarto, sentar no chão (porque me via sem forças) e começar a chorar, desesperadamente. Dentro de mim gritava: “Quem me dera isso fosse permitido, quem me dera eu pudesse tratá-la bem, beijá-la, amá-la”, mas sempre dizia “Deus, por favor tira esse sentimento de mim, por favor, o Senhor sabe que não desejo pecar contra Ti”. A pergunta do por que era homossexual sempre me pairava sobre a cabeça. Graças a Deus hoje, com vinte anos, percebo que nunca pequei, percebo que isso é natural e que Deus me permite isso. Só queria ter tido a chance de falar com ela, de, finalmente, poder lhe pedir desculpas, de me desculpar por tê-la constrangido, por tê-la feito sofrer. Há coisas na vida que não voltam mais.

    1. Elisa, estou emocionada com seu depoimento. Obrigada por compartilhar isso. Você pode comentar mais sobre ter sido uma homossexual egodistônica [uma pessoa que sabe da sua orientação sexual, mas “prefere” ter uma identidade diferente e procura tratamento para alterá-la]?

      Você chegou a fazer algum “tratamento”, a tal da “cura gay”? Como foi a dor de fazê-lo e saber que era impossível tratar?

      Fico muito feliz em saber que você você se aceita. Acha que há alguma chance de pedir desculpas a essa pessoa que você constrangeu?
      Grande abraço.

      1. Então, Amanda, é complicado. Minha mãe já sabia da minha condição, lembro que, em tenra idade, fiz um comentário sobre uma atriz da tv globo por tê-la achado extremamente atraente. A partir daí me reprimiram e me falaram que isso era algum tipo de possessão demoníaca, que fui alvo de alguma maldição hereditária ou algo parecido. Decidi lutar contra o Diabo então, afinal amava (e ainda amo muito) a Deus, não queria me ver distante Dele. Desde de criança então decidi, ao ver uma garota atraente desviar o olhar, não dá atenção a atração que vinha de súbito e infelizmente que não podia controlar. Não tinha coragem, tinha medo (até hj não sei exatamente do que) de falar a palavra homossexual (ou, até pior, lésbica) em minhas orações, nem em pensamento, para mim era algo sujo, imundo, não queria dizer expressamente nem ao menos pra mim mesma que era gay, apenas falava pra Deus “Senhor me faça gostar de homens por favor, por favor.” Não queria me lembrar que sabia quem era. As coisas pioraram na adolescência porque conheci essa garota, logo de inicio me atrai por ela, mas pensava ela é hétero não tem problema, não vou pecar. Desenvolvemos uma amizade linda em poucos meses, até que ela me disse que era lésbica. Foi um baque pra mim, pois nunca estive tão de frente comigo mesma como naquele dia. Durante anos, tentei deixar de ser lésbica, tentei gostar de garotos, mas até beijá-los era insosso, sem graça. A cura gay não funciona Amanda só faz você entrar em parafuso, chega uma hora que até o suicídio passa a ser uma opção (graças a Deus não cheguei a isso). Não recomendo, é um estupro psicológico, entendo porque muito homossexuais são avessos a isso. Sabem do sofrimento que é. A egodistônia nunca deve servir de fundamento pra mudar a orientação de ninguém, pois os homossexuais só são egodistônicos porque aprender das pessoas a serem assim, a odiar a si mesmos. Não sou mais egodistônica, sou perfeitamente feliz com minha sexualidade, já até me assumi pra minha família graças a Deus (tudo isso graças ao blog, principalmente ao chat, muito obrigada). Ah sim, infelizmente nao tenho mais contato com essa menina e já fazem cinco anos que isso aconteceu, acho que ela até se esqueceu de mim (minha impressão).

        1. Elisa, obrigada pela resposta. É muito doloroso ver um gay ou lésbica afirmando que foram “curados” por esses “tratamentos” absurdos.

          Sabemos que isso não é possível e só traz mais sofrimento. Torço para que Igrejas e comunidades parem de disseminar essa violência contra o ser humano e, finalmente, afirmem que nada disso é uma obra demoníaca, muito pelo contrário.

          Quem vive um amor com alguém do mesmo sexo sabe o quanto isso é bonito e libertador.

          Um grande abraço, Elisa.

    2. Me identifiquei em muitas partes com o seu relato, Elisa.
      Até mesmo na idade de aceitação perante a religião (20 anos) hahaha

      Se quiser trocar e-mail.

    3. oi meu nome é Patricia Paço pela msm coisa
      me chama no whatsapp

      Post editado por BlogSouBi por conter informações que podem prejudicar a privacidade da leitora

      Nota do blog
      Patrícia, por favor, deixe seu e-mail em vez de telefone. Isso evita futuros aborrecimentos.

    4. Oi Elisa, tudo bem?

      Nossa, me identifiquei muito com seu comentário. Fui durante 7 -8 anos evangélica e queria viver sinceramente o Evangelho. Fiz seminário teológico, iniciei a graduação em Psicologia com o objetivo de trabalhar voluntariamente na igreja. Vivi tudo aquilo intensamente.
      O dilema entre uma vida de santidade e os desejos que sempre tive quase me destruíram emocionalmente. Aprendi muitas coisas boas com o convívio e a comunhão na igreja, mas o saldo sem dúvida foi negativo.
      Felizmente, durante a faculdade, fui amadurecendo e entendendo muitas coisas sobre mim mesma, a vida, sociedade. Psicologia é um curso que muda suas lentes. Consegui me libertar da igreja, sim, porque nesse ponto, era a religião (cristianismo) com suas crenças que eu buscava seguir a fonte principal de tanta dor, angústia e auto repressão que estava vivendo. Precisei me afastar do convívio pra me reconstruir. Estudei muito, refleti muito, ouvi e li muitas coisas, procurei conselhos com pessoas que considero mais sábias que eu e percebi o quanto a distância daquele ambiente de julgamento (e fingimento pra maioria das pessoas) me fez bem. Realmente bem.
      Não estou dizendo que esse deve ser o caminho pra todas as pessoas. Mas funcionou pra mim.

      Enfim, se quiser conversar, ser ouvida, desabafar, meu email é: [email protected]
      Seria um prazer conhecer melhor sua história.

      Abraços

  2. Que bom que as pessoas estão se permitindo a ser felizes, pois a nossa Bi sexualidade não e pecado o pecado e não AMAR. Sou Católica e vivo a religião e sei que Deus me ama e permite amar aquela que meu coração escolheu que acelera meu coração, deixa minhas mão tremulas e transpirando e só de sorrir ilumina meu dia e quando a olho desejo a Deus a proteja sempre e a abençoe pois foi ele que a trouxe para mim para que eu seja muito Feliz.

  3. Que post lindo Amanda, e interessante como a vida pode nos surpreender, me identifiquei de cara pelo fato de também ser de uma família religiosa e católica, sempre ia porque era obrigado aos 13 fiz a primeira comunhão, e ate os 15 fui coroinha da igreja aos 15 fiz a crisma, e foi justamente nessa idade que descobri sobre minha bissexualidade, quando senti atração por um rapaz da igreja, no mesmo ano me afastei porque achava que aquele sentimento não era certo aos olhos de Deus e ate hoje não acho, quando sou questionado se acredito em Deus respondo que sim já que é verdade mas o do porque me afastei invento uma resposta qualquer mesmo que ela seja temporária e logo mais tardar irão me perguntar de novo, faz 4 anos que me afastei da igreja para tentar lidar com esse lado meu bissexual, na qual ainda estou lidando o meu primeiro beijo com alguém do mesmo sexo ocorreu há 4 meses e o que posso dizer que foi bom nunca me senti tão livre em toda minha vida agora só esperar para poder acontecer novamente, quando sou convidado a ir a missa vou sem nenhum problema porem fico no fundo e não comungo, oro e só peço uma coisa a Deus que me de forças e coragem para me assumir perante minha família e amigos e sei que provavelmente irei sofrer preconceitos mas é o preço que se paga por ser diferente, e como a MA citou “Bissexualidade não é pecado o pecado é não AMAR”, espero um dia poder amar e ser amado independente do sexo da pessoa com quem eu esteja.

    1. Kleber, bonito o depoimento mesmo, né? Muito bom saber que você está conseguindo superar os seus medos em relação à sua identidade sexual. Aos poucos, isso vai melhorando, vai por mim. 🙂
      A sensação de ver o seu desejo se realizar é única, sei bem disso. Só quem consegue viver isso sem culpa sabe do que eu estou falando.

      Sobre os membros da comunidade LGBT serem “diferentes”, acho que precisamos parar de pensar desta forma, porque assim reforçamos a tese de que a heterossexualidade é o “normal”. Somos diferentes, porque somos seres humanos diferentes – assim como um heterossexual é diferente do outro – e não porque gostamos também de pessoas do mesmo sexo.

      1. Amanda quando falei isso “provavelmente irei sofrer preconceitos mas é o preço que se paga por ser diferente” me referi não só pela família e amigos mas pelo fato de trabalhar numa empresa onde 75% do quadro de funcionários pertence a comunidade LGBT, e volta meia ouço nos grupinhos tanto de gays quanto de mulheres héteros piadas contra bissexuais, dizendo que nos não sabemos o que queremos, que não temos direitos de frequentar bares ou mesmo lugares que eles, entre outras coisas e isso de fato me aborrece por assim dizer, acho que o pior preconceito que podemos sofrer não são das pessoas que estão a sua volta mas sim daquelas que pertencem também a mesma comunidade que vc

        1. Kleber, verdade o que diz.

          Ainda ouço muitos gays e lésbicas difamarem bissexuais. Alguns dizem até que “reduzimos” a força da luta e não temos coragem de admitir que, na verdade, seríamos homossexuais.

          Ao mesmo tempo, já começo a ver um entendimento maior sobre o assunto e as conversas entre os “grupos” da comunidade já estão mais uníssonas.

          O que temos de fazer, apenas, é a necessária união. E que heterossexuais venham também. Aqui há muitos deles, nos apoiando, querendo aprender. E isso é muito rico.

  4. Também sou Bi,mas custou muito pra me aceitar.só algumas pessoas sabem.Tenho um companheiro que me apóia ele sabe do meu desejo por mulheres e não me recrimina.

  5. Vivo uma guerra interna dentro de mim, sou bi mas estou me descobrindo e pouco a pouco vejo que cada vez mais gosto do sexo feminino e estou apaixonada por uma amiga mas não sou correspondida por ela da forma que gostaria, também gostei de outra e ate me relacionei mas ela me trocou por um garoto e isso me frustou por demais me doei de corpo e alma,mas ela é muito confusa e não se assume devido a família então me afastei dela. e agora quero conquistar essa outra e não sei por onde começar um pouco perdida ainda ou talvez medo de errar, gostaria que se possível algumas sugestões eficazes pra melhorar meu novo mundo…

  6. CARA…..QUE HISTÓRIAS LINDAS E COMO ESSAS PESSOAS FORAM CORAJOSAS! BLOGSOUBI, PARABÉNS!! PARABÉNS POR FAZER UM ESPAÇO RECHEADO DE GRANDES LIÇÕES DE VIDA, PESSOAS CORAJOSAS, DE RELATOS EMOCIONANTES, APOIO Á PESSOAS QUE TEM MEDO DE SE ACEITAR. SEMPRE QUE ACESSO O BLOG FICO “PRESA” NELES COM ESSES RELATOS MAGNÍFICOS E SEMPRE CONSIGO AGREGAR ALGO BOM.
    ELISA, KLEBER E A PRÓPRIA PROTAGONISTA DO RELATO, VOCÊS SÃO SUPER MEGA GUERREIROS E CORAJOSOS….. IMGINO O QUANTO É DIFÍCIL LUTAR PRA SER QUEM VC É NESTA SOCIEDADE CONSTRUÍDA EM CIMA DE PARADIGMAS HIPÓCRITAS E IMORAL, AINDA MAIS QDO A FAMÍLIA SE SUSTENTA NESSES PARADIGMAS. PARABÉNS… VCS SÃO VERDADEIROS GUERREIROS NA LUTA PELA PROPRIA LIBERDADE.

    1. Jane também fico impressionado com cada depoimentos e relatos que a Amanda traz para o blog e assim como vc consigo tirar uma lição de cada um deles, não me considero um guerreiro até porque ainda não me assumi muitos menos me aceitei ainda tenho muitas duvidas em relação sobre minha sexualidade e certos preconceitos por parte minha mesmo, um deles é o fato de não conseguir ficar perto de gays afeminados que se vestem como mulher, se tiver como homem tudo bem, ate porque o meu beijo foi com um, mas como mulher não suporto ficar perto, talvez não seja preconceito em si mas sim medo de alguém me ver junto a ele e pensar outras coisa, são essa coisas e muitas outras que ainda estou tentando lidar, ainda vou procurar um psicologo para desabafar tudo o que eu tenho guardado na minha mente e quem sabe assim eu me aceite por completo

    2. Olá Jane, agradeço muito pelo seu comentário, realmente é bom ver que estamos encorajando outras pessoas, lembro-me que foi por causa delas que tive coragem de, finalmente, me aceitar e depois contar pra minha família. Sabe, não diga que o cristianismo é um paradigma imoral e hipócrita, pois, hoje, agradeço muito a Deus pelo fato de ter nascido lésbica num lar evangélico. Parece que, foi devido a esse fato que percebi o que muitos não percebem por serem “normais”, percebi que Deus nos ama do jeito que somos, que o amor Dele não é em decorrência de qualquer favoritismo ou merecimento de nossa parte, mas sim por pura liberalidade e graça Dele, Ele nos ama porque nos ama, ponto e isso independe de qualquer coisa e do que as pessoas dizem . Perceber isso é maravilhoso, é ver a verdadeira face desse Deus que, como está escrito nas cartas de Paulo, é amor. Além disso, ter nascido gay num lar cristão também fez com que a minha família percebece isso também. Lembro-me que quando contei pra minha mãe que era lésbica, saiu da boca dela as coisas mais horrendas e ofensivas que você puder imaginar, mas, juro quando digo isso, não me senti mal por ouvir isso, não fiquei triste, tratei com mansidão, de forma compreensiva, afinal ela falou aquilo no desespero, por não saber o que fazer e porque, no fundo, ela também me ama e quer meu bem, por mais que não saiba como agir. Conheço minha mãe e sei que é uma das maiores cristãs que conheci uma das pessoas mais maravilhosas que Deus me deu a oportunidade de conhecer rs. Tanto isso é verdade que, dias depois, ela mesma me procurou chorando e me disse: “Oh minha filha, não dê atenção as loucuras que sua mãe falou, eu te amo Elisa, eu só não aceito essa situação, mas eu amo você” e me abraçou, sou meio casca grossa, mas não consegui acabei chorando também =).

  7. Linda historia, e belos e emocionantes depoimentos! Também acredito em Deus, e sempre tive certeza de que Ele não se importa com orientação sexual de ninguém, como sempre dizia minha mae: “Deus está interessado no vai no coração de cada pessoa, apenas isso, procure ser uma boa pessoa”, e eu acredito nisso, nunca tive nenhum sentimento de culpa por ser homossexual, o incomodo sempre foi dos outros, mas não fico e nem nunca fiquei incomodado como o incomodo alheio (rs).

  8. Amanda, você sempre se superando linda e trazendo posts, baseados em depoimentos reais, que nos fazem refletir o quanto somos diversos e ao mesmo tempo iguais, uns aos outros.
    Me identifiquei principalmente com os depoimentos d@s demais amig@s do nosso querido blog! É incrível pessoal, mas como as experiências e demais etapas, tanto bons quanto ruins, quando nos damos de cara com nossa verdadeira orientação sexual, são por demais semelhantes, para não dizer iguais. Eu também tentei várias coisas para tentar barrar a natureza de meus pensamentos homoeróticos e afetivos, mas…é uma luta inglória, podem ter certeza disso, pois não há inimigo algum a ser derrotado, pelo contrário. Felizmente, hoje em dia, vejo o quanto sofri em vão. Hoje em dia, vejo o quanto, não só eu mas todos nós lgbt’s, somos, de um certo modo, afortunados, pelo amor em diversidade que podemos dar a nós mesm@s e a quem queira estar em nosso lado. Principalmente em nosso cenário atual, onde a ganância, o egoísmo e a falta de amor, parecem ter contaminado todas as relações como um todo, em um mundo que infelizmente mergulha cada vez mais na escuridão da ignorância.
    Infelizmente, no que tange aos aspectos religiosos, ao meu ver, as religiões (e aqui não vou fazer juízo de citar essa ou aquela denominação), parecem ter entrado, novamente, em um processo de fundamentalismo misturado com um imenso proselitismo de seus líderes e somado a uma teologia totalmente sem pé nem cabeça. Verdadeira lavagem cerebral e retorno à Idade Média. Mas ainda tenho uma certa esperança, principalmente nessa nova geração lgbt, que demonstra coragem e vontade de seguir em frente, na construção de possibilidades e caminhos, para que tod@s possam trilhar junt@s, sem mais nem um tipo de acepção, qualquer que seja, em uma diversidade que une e soma forças, sem distinção alguma. Pena que as religiões não estão seguindo esse rumo. Infelizmente, a grande maioria ainda faz resistência à aceitação de tod@s como realmente são. Coisa mais sem lógica, mas… ainda chegamos lá.
    Beijos nos corações de tod@s!!!

  9. Me identifiquei muito em certos parágrafos desse relato.

    Também vivia nesse dilema com minha religião. De família evangélica, frequentei e ainda frequento a igreja desde criança. E nunca fui forçada. Gosto de ir, é um lugar que me sinto bem para conversar com Deus e ter um entendimento maior daquilo que creio.
    Claro… Não nego que é horrível você ter que ouvir o quão errado é a bissexualidade de acordo com a Bíblia quando você passa a vivê-la. E eu achava mesmo. Tanto que reprimia meus sentimentos até que aos 16 anos tive uma paixão por uma amiga (meu primeiro amor homossexual) que também era do núcleo cristão.
    Nós nos tornamos amigas e vivíamos juntas, uma indo na casa da outra, frequentando a igreja juntas já que gostávamos, sempre aquele carinho e parceria pra qualquer hora que precisasse. Contávamos as nossas alegrias, tristezas, decepções, emoções, os rapazes que gostávamos… Era nítida nossa afeição uma pela outra e com o passar do tempo, eram risos sem motivo, troca de olhares tímidos mas intensos e, percebi que, ao longo do tempo, eu não pensava mais em rapazes, só nela, também percebi que ela não comentava mais deles também. As dúvidas começaram a aparecer. Nos tratávamos quase como namoradas. Rolava ciúmes, saudades, abraços demorados. Até que um dia, eu estava na casa dela, sem os pais, brincávamos de lutinha na sala (coisa boba) quando ela, sobre mim, me olhou intensamente e eu não consegui desviar. Ela se aproximou e me beijou ou fui eu que a beijei? Só sei que foi a melhor sensação que tive até então. Não sei quanto tempo durou mas quando ela se afastou, ficamos super sem graça e sem entender o porque daquilo. Pedi desculpas e ela também. Logo depois fui embora e aquilo começou a martelar na minha cabeça para, então, surgir como um sentimento de negação. Não podia. Era proibido. O que estava acontecendo? Cresci ouvindo que era errado. Ela também. Meus pais evangélicos, os pais dela também…
    Depois disso, ficamos mais distantes. A saudade só aumentava, apertava no peito. Chegamos a conversar sobre o beijo, sobre não contar pra ninguém e nem fazer isso de novo, que era pecado e blá blá blá. Concordei mas com o decorrer dos dias, sentia uma falta imensa dela e a memória do beijo só me atormentava. As vezes que nos víamos era uma tortura já que eu não podia beijá-la, tocá-la, até mesmo um abraço era perigoso. E quanto mais eu reprimia esse desejo, mais forte ele ficava até que não aguentei mais e roubei um beijo dela. De início ela se afastou mas depois entrou na onda. Conversamos e eu disse que tentei me afastar, esquecer, busquei conforto indo à igreja, em hobbies, nos estudos, mas esse conforto não veio de lugar algum, ficar com outros garotos era sem graça… Era algo que só ela podia preencher. E que não dava mais, eu estava apaixonada por ela. Ela chorou, confessou que não parava de pensar em mim, nos abraçamos, nos beijamos outra vez e todo o sentimento foi exteriorizado verdadeiramente.
    Ficamos assim por alguns meses, beijos escondidos, um carinho sem igual e foram os melhores meses da minha vida. Para o mundo éramos amigas, mas entre nós a história era outra. Muito mais bonita do que parecia. E era difícil controlar quando estávamos na rua e, talvez, por algum descuido meu ou dela, um carinho mais demorado ou insinuante foi que as más línguas começaram a falar até chegar nos ouvidos dos pais dela.
    Na época, recebi um SMS dela à noite dizendo que estava chorando, que descobriram sobre nós e eu já entrei em desespero. Tentei ligar mas ela não atendia. Comecei a ficar realmente preocupada. Uns minutos depois ela me ligou e rapidamente disse que os pais dela sabiam sobre nós e que deram um baita sermão, proibiram-na de me ver mas que precisávamos conversar pessoalmente.
    Foi difícil vê-la já que depois dessa confusão toda, os pais ficaram de marcação acirrada pra cima dela, não a deixavam sair sozinha nem com amigos, ficavam bisbilhotando seu celular e computador, era da casa pra escola, da escola pra casa, enfim, um inferno.
    Até que um dia, a gente conseguiu driblar todo esse “esquema de segurança” e nos vimos. Ela me contou que andavam comentando pros pais que achavam estranha essa nossa amizade, que éramos muito próximas e que poderíamos estar escondendo algo sério. Pelo que entendi, os pais, no começo, acharam bobagem, mas que depois aquilo foi se tornando uma dúvida até que resolveram pressioná-la mesmo que não tivessem certeza. Infelizmente ela cedeu e contou tudo pra eles e, claro, foi recebida da forma mais negativa possível.
    Depois disso, foi ficando cada vez mais difícil de nos encontrarmos. Era sempre arriscado, não podíamos demorar muito e isso só me angustiava. Nos beijávamos como se fosse a última vez. Até que percebi que aquilo não iria mudar, pelo menos não por enquanto e decidi por nós (talvez um pouco egoísta) que era hora de parar. E como aquilo doeu e me machucou por dentro. Foi horrível. Não tínhamos independência alguma, eu não podia sair de casa e, de repente, viver em outra cidade com ela. Era completamente irracional. Ela queria que continuássemos a nos ver, mas eu não via mais alternativa e foi, então, que paramos com tudo. E aí vieram os piores meses. Ela até tentou contato comigo mas eu sempre negava. Até que tudo parou.
    Uns dois anos depois soube que ela estava namorando um rapaz e aquilo me incomodou de uma forma que eu não esperava porém, lembrei que a decisão de não nos vermos foi minha e tive de me “contentar” com essa verdade. Hoje, já me apaixonei por outros rapazes, outras meninas mas essa história me marcou demais. Infelizmente não pudemos viver plenamente aquilo que sentíamos devido a ignorância das pessoas. Não sei se isso pode mudar futuramente. Não mantenho mais nenhum contato com ela.
    Não posso negar que me sinto atraída e eventualmente posso me apaixonar por um rapaz mas em igual proporção, isso ocorre com as mulheres. Demorei e precisei de uma pessoa para perceber isso. A religião não me impediu. O preço foi um pouco alto mas hoje, com vinte anos, sei que isso é a minha personalidade e sempre foi, desde criança. Meus pais ainda não sabem. Não penso em falar. Não possuo independência e não namoro com ninguém ainda. Por isso não vejo necessidade em dizer-lhes isto, pelo menos por enquanto mas continuo indo à igreja pois mantenho minha fé e, assim como minha bissexualidade, ela não vai mudar. Uma não vai excluir a outra na minha concepção de ambas. Falei demais! Hahahha Desculpem-me e se você leu até aqui, parabéns 🙂

    1. Nossa Jessie, linda sua historia viu! Entendo como é complicado ser gay ou ter um lado gay no meio religioso, quando não é você que se reprime, as próprias pessoas acabam sendo incompreensivas e, por vezes, extremamente cruéis e ignorantes. Sei que ainda gosta dessa garota (como eu de uma que conheci), e, de fato, é difícil esquecer de outra pessoa quando o motivo da separação foi totalmente alheio à nossa vontade. Arrependimento, angústia, uma sensação de “perdi essa oportunidade”, “não sei se agi certo” ou “queria que as pessoas entendessem isso” toma conta de nós, é normal, a intolerância nos faz viver tristezas e sofrimentos que não tem a mínima razão de ser.

      1. Exatamente assim, Elisa! Quando nos separamos de alguém por imposição alheia, sempre fica aquele sentimento guardado. Infelizmente isso acontece muitas vezes. Mas enfim, o importante é continuar de cabeça erguida e procurar sempre o melhor para si. Nunca vou esquecê-la mas também não me prendo mais a este passado.

    2. Jessie, que depoimento lindo.

      Fiquei aqui imaginando o sofrimento de vocês. Deve ter sido muito difícil tomar essa decisão. Fico feliz por você não ter tido raiva e conseguido superar essa situação.

      A ignorância realmente destroi sentimentos lindos. Torço muito para que as famílias comecem a entender isso de verdade.

    3. Puxa Jessie, me identifiquei totalmente com a sua história. Tenho a mesma história porém em outro contexto. Estive no meio evangélico há muitos anos atrás. Me apaixonei pela minha melhor amiga. Eu a amei em silêncio por muito tempo e era exatamente isso que você colocou com muita propriedade. Amor ingênuo, amor puro, amor sem igual. Ela foi tão importante pra mim que dei o nome dela pra minha filha, muitos anos depois. Recentemente, quase vinte anos depois de tudo, conversei com ela e confessei todo esse amor a ela. E quase cai pra trás quando ela disse que tambem me amava…Isso deu um nó na minha cabeça pois se essa paixão tivesse se realizado na época, provavelmente eu estaria casada com ela, pois o amor que eu tinha era muito grande. Fiquei com um sentimento horrível em mim por semanas. Penso que é melhor falar e correr o risco de ser rejeitado, do que calar e perder a oportunidade de viver um grande amor.

      1. Olha Erica muita calma nessa hora. Quantos anos tem sua filha? Se ela for um bebê acho que essa mudança vai ser possível, mas mesmo assim você vai sofrer muito seja por parte da família do seu marido seja por parte da sua família. Não querendo jogar um banho de água fria, mas não acredite que esse amor vá ser o amor da sua vida, pode ser que não seja. Sei que vocês se conhecem já há anos e que você a ama, mas não deve agir com precipitação. Você não faz ideia do que está em jogo nessa decisão que você irá tomar. Eu não vou estar lá, nenhuma garota aqui do blog vai estar lá pra te ajudar então acho melhor você pensar com calma antes de tomar qualquer decisão. Veja se ela te ama realmente e se ela estaria disposta a pagar esse preço.

    4. caramba, que barra! admiro você kk só pelo oque já passou……. incrível, sei exatamente como se sentiu podemos conversar um pouco mais ?.. quero ouvir mais, gosto de falar sobre essas coisas … se sentir interesse vou dx meu zap aqui 04181988415497 ou se preferir mande um e-mail pode a priore n querer se identificar seila [email protected]

  10. Infelizmente as religiões, ao invés de libertar o ser humano e desenvolver, na prática mesmo, o amor ao próximo (um dos pilares de suas doutrinas), acaba agindo de forma totalmente contrária à sua própria filosofia. Ao não reconhecer a diversidade do amor, a pluralidade dos sentimentos e emoções. Cria verdadeiros sensores na mente das pessoas, ao qual vão se cristalizando com o passar do tempo e aprisionando todo e qualquer tipo de pensamento, por mais inocente que seja. Tal coisa vai criando angústia, ansiedade e até mesmo pânico ou coisas piores, a quem se deixa aprisionar por tais dogmas repressores. Será que não percebem que isso é uma violência, um verdadeiro estupro da consciência?
    É triste vermos que em pleno século 21, esses preceitos fundamentalistas ainda continuam agindo. Não reconhecendo que o sentimento, a amizade, a cumplicidade, o erotismo e o amor, independem se @ outr@ possuí os mesmos caracteres biológicos e genitais que eu ou não.
    É…por incrível que pareça, mas conseguiram reduzir os seres humanos somente aos aspectos físico procriativos. Triste isso!!!

    1. Eduardo, concordo com absolutamente tudo o que escreveu! Religião tem sido um dos maiores fatores separatistas do mundo. É mesmo muito triste saber o quão oposta é a teoria e a prática. O que era para acolher, amar, está se tornando verdadeiras bandeiras de luta e opressão… Ainda mais no cenário atual. Enquanto isso o simples desejo de vivenciar nossa fé está atrelado ao sentimento penoso de muitas vezes nos sentirmos hipócritas ou indignos de estarmos em determinados espaços sociais de fé.

      Um grande abraço para você e todos desse blog querido.
      Lady Red.

  11. Ah, mais uma coisa que tinha esquecido, a famigerada lei da família, que considera somente as uniões de homens, mulheres e filhos biológicos, vem ai. Parece mentira, mas estamos retrocedendo a uma época até mesmo anterior à Idade Média.

    1. Infelizmente, Eduardo devo concordar com vc. Uma vez estava conversando com um chefe meu do trabalho e, perguntei a ele se as pessoas eram tão moralistas antigamente como hj. Ele me disse que eram bem mais, mas havia um maior respeito a privacidade das pessoas, o que se vê hoje são pessoas que querem impor suas opiniões às outras. Mas sabe Eduardo, nem todos são assim. Há pessoas que se permitiram analisar as coisas de forma imparcial e perceberam que ir para os extremos tanto de um lado como de outro só gera escravidão e ódio do diferente. É como meu chefe também me disse: Sabe Elisa, o motivo de as pessoas se sentirem tão incomodadas com a vida alheia é porque, no fundo, são muito mal resolvidas em relação às próprias angústias, problemas e imperfeições, não sabem conviver muito bem consigo mesmas. Elas tentam se sacralizar ou provar sua moralidade condenando os outros. Mas sabe Eduardo isso não tem nada a ver com Jesus Cristo, pois Ele mesmo nos disse que não devemos julgar ninguém, mas ter paz e mansidão em relação às outras pessoas. É como a Madre Tereza de Calcutá falou quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las. Infelizmente, essa é a verdade de muitos religiosos. Porém, isso serve até para os ateus, como disse o próprio Cristo: Acautelai-vos do fermento dos fariseus. Ou seja, não deixemos que a hipocrisia e a falta de compreensão e amor em relação ao próximo também nos contamine.

  12. Que linda história Amanda.Eu já escrevi aqui algumas vezes e essa história me tocou profundamente e me indentifiquei muito,pois eu também estava na vida religiosa num convento,eu também não queria me aceitar,eu sabia sempre soube que era diferente bissexual,até chegar a ponto de ficar escondida na vocação religiosa por 7 anos e depois mais 3 anos com freiras achando que Deus poderia me “curar” da minha sexualidade, foi aí que a vida me pregou uma,e acabei me apaixonando por uma lá dentro,sofri muito a ponto de fazer a besteira até de me declarar para ela,foi aí que tudo desmoronou senti a amarga dor do preconceito,ela sabia meus sentimentos por ela,e ela implicava comigo e sentia no olhar dela algo diferente,não sei se era o desejo de que ela também sentisse o mesmo por mim,mais eu via como ela ficava quando estávamos sozinha ela tremia,até as piadinhas surgia na mesa ou na sala sobre homosexuais ela era a primeira a fazer e olhava de canto para mim,para ver minha reação, e eu pensava por que ela faz isso? Só que depois que a superiora soube de tudo tive que sair,o que mais me revoltou foi que elas não me deram a chance de trabalhar tudo isso que estava sentindo,meio que elas me faziam ir em psicólogo para eu descobrir minha sexualidade e percebi que elas enrolavam a minha formação no instituto,eu rezava chorava falando para Deus que eu queria ficar que eu poderia sim servir a ele me dedicar, mais fui percebendo que era tudo em vão, hoje depois de 4 meses fora do convento tenho 31 anos estou com meus irmãos, eles me apóiam contei aos meus pais o motivo de eu ter saído, minha mãe não ficou contente comigo,mesmo ela sabendo que eu não ia durar no convento pq ela sabia que não era vida pra mim,mas disse que podia ser fase a minha sexualidade, aí perguntei a ela “mas mãe VC não me aceita,como serei feliz não tendo o apoio dos meus pais?” Ela só falou assim “filha o problema não é eu e seu pai aceitar,não tem problema nisso,o que agente não quer é você vai sofrer muito com isso. Eu só falei que tendo o apoio deles eu iria enfrentar tudo isso.Depois dessa conversa não comentei mais sobre o assunto com eles,mais minha mãe pergunta se tenho falado com as irmãs,eu cortei toda,qualquer tipo de relação com elas,eu sei posso estar sendo um pouco infantil mais ainda estou muito magoada ,vire meche me lembro de tudo que aconteceu as palavras que ela me disse,e principalmante a cara que ela fez quando virei o meu rosto dentro do carro ,a expressão de alívio que estava no rosto dela,eu vi e me machucou muito,o pior de tudo isso é que sempre vem em meus sonhos,nem nas missas não to conseguindo ir direito pq tem domingo que vou e outros não é difícil porque sempre me lembro o que passei e acabo chorando na missa e ninguém entende o que se passa Comigo,quero esquecer tudo isso virar essa página,hoje me aceito como sou alguns amigos me aceita hoje posso ser eu mesma,pretendo fazer faculdade ano que vem e sei que Deus está me ajudando eu sinto em meu coração que ele não quer que o abandone por mais que aconteceu tudo isso,as vezes penso que precisou acontecer tudo isso para eu crescer e me aceitar e ver que Deus me ama muito e primeiro eu me amar.Obrigada por ler até aqui Deus abençoe a cada um de vocês.

    1. Nossa Lucia, linda sua história e ao mesmo tempo triste (TOCA AQUI MULHER, É NOIS!!!,… voltando rsrs). Eu também contei a meus pais sobre minha homossexualidade (no seu caso, bissexualidade) e também não tive apoio de ninguém, meu irmão me respeita, apenas isso. É muito triste você se sentir apaixonada por uma pessoa e, ela mesma, ser tão incompreensiva com você, tão cruel, sabendo que numa sociedade como essa, pessoas como nós não tem tanta liberdade sequer segurança/apoio. Ela deveria ter sido mais compreensiva, claro que honesta em dizer que não tinha os mesmos sentimentos, mas jamais agir de forma cruel com você. Infelizmente, atitudes assim são constantemente presentes na Igreja. As pessoas amam umas as outras moralmente (isto é, enquanto você faz parte do grupinho) a partir do momento que você mostra que não se enquadra, vê a pior face do ser humano. Entendo a sua dor, entendo o fato de você não querer vê-la também passei por isso quando contei pra uma pessoa fora da minha família. Mas não se deixe levar pela magoa, não espere muito das pessoas, não espere que elas te entendam ou te compreendam, isso machuca, porque na maioria dos casos não é o que acontece. Há sempre exclusão, incompreensão, olhares tortos, constrangimentos e crueldades (por isso, me sinto tão mal de ter agido assim com a garota que conheci, é desumano). O segredo está em seguir sua vida independente da aprovação ou aceitação de quem quer que seja. É ser livre finalmente.

    2. Nossa, é mesmo muito dificil quando te julgam, fazem piadas 🙁 Mas Deus conhece o coração de cada um e sabemos que o importante é amar

  13. Vou propor uma discussão, que espero ajude a elucidar algumas questoes e que venha acrescentar algo de positivo.
    -Leio em muitos depoimentos aqui no blog as pessoas dizendo que por um motivo ou outro ainda não se revelaram a alguem da famila, principalmente a maes e pais, e me pergunto se isso é no fundo uma questão de se aceitar, porque é aceito, ou necessidade de uma chancela positiva, pois assim o que são e sentem será mais legitimo e compreendido?
    Será realmente necessário, expor seus desejos, sentimentos e comportamento com toda a clareza?
    Alguem precisa dessas chancelas, para ser realmente feliz?
    Sempre li, que admiração e respeito, se conquistam e não se impoem e por essa convicção, creio que um comportamento digno é mais importante que uma frase de exposição.
    Não acho que alguem será mais ou menos feliz, se tiver, ou não a “aprovação” de outrem para sua vida.
    A discussão está no ar e espero mais opinioes.

    1. Sabe Mariana, concordo com você. No início sentia essa necessidade da aprovação alheia. Acho que isso faz parte do processo de aceitação da própria homossexualidade de certas pessoas. Quando nos aceitamos às vezes surge um incomodo e uma angústia tão grandes que esconder acaba se tornando uma opção torturante para certas pessoas, especialmente aquelas que não tem mais com quem conversar a respeito disso a não ser as pessoas da família. Nesses casos, ou a pessoa entra em parafuso ou ela conta. Pra mim foi assim, tive que contar porque não aguentava mais esconder. Como a Ellen Page falou ao assumir sua homossexualidade: “Não quero mais mentir por omissão”. E é isso, mentir por omissão, chega uma hora que cansa, perturba, não dá mais. Mariana, muitas vezes, isso é uma forma de você escapar de vez da heteronormatividade, de finalmente poder ser você mesma. Mas de fato, depois de eu contar pra minha família, as únicas pessoas com quem gostaria de compartilhar isso seriam pessoas como eu (lgbts), não sinto mais necessidade de aceitação de ninguém, nem me importo com a reprovação de quem quer que seja, pra mim isso é sinônimo de ignorância e falta de humanidade. O curioso é que, muitas dessas pessoas, só lembram de Deus ou do cristianismo nessa hora, em outros momentos da vida delas é como se Ele não existisse.

    2. Passei 2 décadas escondendo meus verdadeiros sentimentos, deixei de ser feliz com medo da opinião alheia. Hoje aos 40 anos estou me permitindo ser feliz, sou católica praticante e compreendi que o AMOR e um sentimento sublime que deve ser vivido com intensidade, pecado e não vive-lo. As únicas pessoas que devem saber da minha sexualidade e minha Família o resto pouco me importa até porque as pessoas tem que olhar o seu caráter e não pela sua sexualidade. Se vc e uma pessoa honesta e do bem o resto pouco importa. O importante e ser FELIZ e AMAR muito.

  14. Meu…Seu testemunho é exatamente tudo o que estou passando…a diferença é que moro na comunidade religiosa….mas os sentimentos, conflitos e experiências são as mesmas…fiquei feliz de ler seu testemunho obrigada…

  15. Então, eu me identifiquei em partes rs
    Tenho 16 anos, e ha alguns anos já venho “me descobrindo”, porém, a 4 estou na igreja, sou católica, e sinto muita vontade, em ser religiosa, sei que tenho essa vocação, de ser freira. Eu não queria ser assim, mas o Senhor me fez assim, e não posso fazer nada rsrs
    O jeito é lutar contra isso, no momento estou sendo acompanhada por umas irmãs, e pretendo entrar logo no convento, elas ainda não sabem disso, vou contar daqui uns dias haha
    Enfim, é isso :s

    1. Que Deus te ilumine e te guie Ana, aceitar o que sentimos é sempre a melhor opção, mas deixar que Deus nos guie é sempre a melhor escolha.

  16. Então gente.
    Escrever isso é mais difícil do que parece. Tenho 20 anos, sou bissexual e evangélica. Exatamente, evangélica e bissexual. Nunca tive dúvidas quanto à minha sexualidade, sempre soube que poderia me apaixonar tanto por homens quanto por mulheres, aliás, meu estilo de vida se baseava em “e se minha alma gêmea na verdade for mulher? “, nunca pensei em negar um amor homo se assim fosse.
    Por outro lado, sempre tive amor pela Igreja e por Deus, toda minha vida foi com os domingos dentro da casa de Deus, mas nunca nada me impediu de pensar em pessoas como pessoas.
    Só que sempre entendi que falar sobre minha sexualidade em casa não era muito bem recomendado, principalmente por ter uma família predominantemente evangélica e preconceituosa. Por uns dois anos, nos afastamos do contato com a igreja e na mesma época passei pra uma faculdade Federal, teria que me mudar. Saí de casa aos 17 anos e fui morar numa República com 3 outras meninas.
    Então aconteceu.
    Na primeira vez que eu vi aquela garota tudo pareceu se encaixar, ela era linda, tinha um jeito carioca malandro que até hoje não sei lidar e alguma outra coisa que me fazia ter certeza de que aquela seria a primeira mulher que eu queria beijar.
    Acontece que ela não ia com a minha cara de jeito nenhum, então decidi me aproximar dos amigos dela, primeiro por serem uns amores, mas também por me ajudarem nessa ponte. Tudo bem, a verdade é que minha prioridade era ser amiga daquela carioca, mas nunca ia deixar de querer ficar com ela.
    Resultado da história, viramos não só amigas como melhores amigas. No ponto dela saber de todos os caras que eu ficava e eu ajudá-la a superar um ex namorado complicado.
    Numa festa e outra, soube que esse namorado era uma garota e contei que sempre tive curiosidade de beijar moças. Nesse ponto nossa amizade se transformou em outra coisa. Passamos a ficar mais coladas, eu sempre imaginava qual seria o momento certo e torcia pra ela estar interessada. Então, numa outra festa, eu estava lá bebendo mais do que o normal e virando copos com quem tivesse coragem, até que ela perguntou quando eu iria perder a curiosidade de beijar meninas e eu a beijei. Foi o melhor beijo da minha vida.
    Acho que foi nesse ponto exato que me apaixonei por ela. Ficamos até o final do período e começamos a namorar. Eu tinha total certeza de que ia me casar com ela.
    Mas minha mãe descobriu
    Saí da faculdade e voltei a morar com meus pais. Me colocaram para estudar Moda, me fazendo realizar meu sonho como estilista e me afastando ao máximo da minha namorada. Tentamos sustentar mas não consegui.
    Meus pais tentaram empurrar a religião novamente garganta abaixo como um objeto de cura e resisti por meses até que me convenci da cura, sendo hetero de dia e fracassada à noite, chorando a madrugada inteira. Hoje compreendo que um não anula o outro e sigo minha fé. Apesar do tempo que passou, ainda sinto falta daquela menina, mas não dói tanto mais. A única dor é ter que fingir ser hetero.
    Oro todas as noites pra conseguir sair de casa novamente, mas com meu próprio salário, aonde eu poderei ser livre de novo. Quem sabe não conquisto minha menina de volta?

  17. oi tenho 18 anos e também sou bi e de uma comunidade católica onde minha realidade e bem parecida com o texto a cima só que com um porem sou bem aceita na comunidade onde em março vou completa 2 anos que sou dessa comunidade, faço muitas missões e escuto muitas historias igual a minha e a de muitos a qui, tenho irmãs de comunidade que também são e vivemos em um ambiente muito bom de faminha onde tem briga onde tem brincadeira e respeito, mas e uma coisa que mesmo todos da comunidade sabendo eu prefiro não mexer como se eu colocasse um cordão de isolamento e falasse para mim mesma vc não pode entrar ai e perigoso então muitas e muitas vezes me via sendo uma pessoa que eu não sou ou quando minha formadora vinha falar comigo sobre o assunto eu trocava de assunto isso me fazia muito mau pois estava revidando ser EU, o tempo foi passando e eu fui me aceitando,a comunidade me ajudou e me ajuda em vários sentido era muito tímida,não falava no microfone e não tocava violão, e não me aceitava, são historia quase parecida com diferente realidade. conheço um monte de freira que são lésbica e bissexual que vivem a sua vocação do jeito que são e eu também sigo minha vocação como leiga com os votos de obediência castidade e pobreza,( só queria dizer que independente da sua sexualidade você tem um chamado que vc vai decidir se entra ou não, se escolher entra vai ter que ser responsável se nao entra e so a vida que segui, ja estive do dois lado da moeda ate escolher o que eu sigo hoje e sou feliz.)

  18. Chega a ser engraçado chegar da missa, ligar o computador pela primeira vez na semana e vir parar no blog por conta de uma entrevista da Amanda para a Época.

    Deus realmente é grandioso em seus designios.
    Sou de família extremamente católica, fui coroinha por oito anos, servi junto à Pastoral da Comunicação, por acaso também sou jornalista e me considero bissexual.

    Na verdade tenho uma grande dificuldade em lidar com “rótulos”.
    Aos 30 já me apaixonei por homens e mulheres, muito mais mulheres, é verdade, mas volta e meia sinto atração e vontade de estar com alguém do sexo masculino. Só que tanto tempo tendo relações com mulheres, fazem com que eu me sinta bem insegura em relação ao sexo com eles. Até porque relações (sexuais) com homens foram bem poucas (morro de medo engravidar mesmo usando camisinha).

    Tenho procurado participar da missa todos os domingos, sinto falta de estar envolvida na vida da comunidade e não participo da eucaristia por estar a muito tempo sem me confessar e por conta das relações com mulheres.

    Assim como muita gente por aqui, tive um grande amor dentro da igreja. Aquela velha história de amizade que acaba rendendo algo mais e que hoje em dia não nos falamos mais.

    Confesso que dói não me sentir mulher suficiente para estar com um homem… Sei que isso é bobeira, mas aflige.
    E confesso que dói não encontrar uma companheira que entenda ou que tenha um perfil parecido com meu inclusive nas crenças.

    É dificil acreditar em Deus e ser bissexual (ou gay) ao mesmo tempo. Não por nós, mas pela resistência que encontramos em todos os lados.

    Já pensei em me tornar leiga consagrada, mas não sei.
    Queria mesmo era construir família, independente se com um homem ou com uma mulher.

    Amanda, obrigada pelo espaço para esses desabafos.

    1. Oi, Pri, tudo bem? Obrigada por participar do espaço! 🙂
      E fico feliz que também tenha gostado da matéria. Quando quiser, fique à vontade para me escrever.

      Queria entender melhor o seu dilema de “não se sentir mulher suficiente para estar com um homem”. Pode falar um pouco mais sobre isso, por favor?
      Grande abraço!

      1. Oi Amanda, tudo bem?
        Sabe insegurança?
        Moça virgem com medinho da “primeira vez”?

        É algo do tipo.
        Não sei se por ter muito mais contato com mulheres eu acho mais tranquilo o sexo com elas.
        Já com eles, rola aquela coisa de meio que não saber o que fazer direito… Porque foram poucas vezes…
        Então meu maior receio é começar algo que eu talvez não termine…

  19. OLA PRI EU TMBEM SOU MUITO CATOLICA E QUANDO VOU NAS MISSA NAO CONSIGU COMUNGAR PORQUE PENSO QUE ESTOU PECANDO AINDA MAIS SOU CASADA JA FAZ 29 ANOS ME SINTU MUITO MAL POR SER ASSIM JA SOFRI MUITO COM ISSO POR CAUSA DA FAMILJIA AGORA E O MARIDO FILHO NOSSA NAO E FACIL MUITO BOM COMPARTILHAR COM VOCES TUDO ISSO

  20. EU SINTO QUE AS VEZEZ NAO ERA PRA MIM SE CASAR EU SEMPRE ESCONDI TUDO ISSO SO FALAVA PARA O MEU MARIDO ELE NUNCA ESCONDI ISSO DELE E ELE ACEITA EU ASSIM MAS EU E ELE JA SOFREMOS MUITOS PERDEMOS DOIS FILHOS MAS EU AINDA SOFRO MUITO COM ISSO POR CAUSA TMBEM DA RELIGIAO FAMILIA

  21. PENSO MUITO DE ENCONTRAR ALGUEM QUE PREENCHA ESSE VAZIO DO MEU LADO MAS HOJE EM DIA ESTA MUITO DIFICIL DE ENCONTRAR ALGUEM QUE PODEMOS CONFIAR LEIO SEMPRE OS COMENTARIO E VEJO QUE NAO E SO EU QUE SOFRO COM TUDO ISSO TEM MUITAS MULHERES CASADA SOFRENDO O MESMO POBLEMA COMO EU

  22. NO MEU CASO DESDE 15 ANOS SINTU ISSO E TENTEI ESQUECER E JA ATE ME CASEI E NUNCA CONSEGUIR ESQUECER ISSO VEM DE DENTRO DA JENTE NAO E NOS QUE QUEREMOS SER ASSIM JA TENTEI DE TUDO E NAO ESQUECO AGORA O JEITO E EU ME ACEITAR ESSA SIITUACAO PORQUE NEM EU ME ACEITAVA

  23. Maravilhoso…..
    Obrigada por amenizar tanta coisa em mim!
    Gostaria muito de ter contato com vc, virtual mesmo!
    Vc e esse post agregou muito valor em minha vida,

  24. Nossa parece um pouco dá minha história. Eu era evangélica, porém com 14 anos descobri q gostava de mulheres, mas só vim começar a ficar com meninas ao 17 anos, deixei meu namorado, e por isso sai dá igreja evangélica. Sai p viver com uma mulher de 33 anos. Na época eu tinha 17. E até hoje estou com ela, só q agora ela com 40 e eu com 23.

  25. Faz quase dois anos que comecei a me sentir bissexual. Mas cresci numa família extremamente religiosa (parte católica, parte evangélicos), e tinha muito medo, muito nojo de mim por achar que estava pecando, muito desespero por não conseguir mudar. Esse ano me declarei pra garota que estava gostando, e ela disse que também gostava de mim. Estou extremamente feliz com ela. Sinto que quero viver com essa pessoa pro resto da minha vida (posso estar sendo precipitada, mas é o que sinto no momento). Mas, ao mesmo tempo, tenho muito medo.
    Lembra o que eu disse sobre a minha família? Pois então. Minha tia uma vez começou a namorar uma mulher, e toda a família a condenou. Muitos deixaram de falar com ela, incluindo minha vó, uma das pessoas que mais admiro. Agora está tudo relativamente em paz, mas imagine…. Eu sempre fui o “exemplo” da família: estudiosa, respeitando meus pais….Não suportaria ter todos eles me odiando….. Já me basta o meu ódio natural por mim mesma.
    Amo meu Deus. Ele disse que devemos amar.
    Que droga! Por que as pessoas não enxergam isso??

  26. Duda me sentia da mesma forma e com uma Família conservadora também, mas percebi que não posso escolher minha infelicidade em razão da cabeça tacanha de outras. Sou Católica e amo meu Senhor e meu Deus e sei que ele me ama, da forma que sou e o principalmente quer que eu seja feliz. Hoje aos 45 anos quero amar e ser amada e vou ser. Fica com Deus ele quer sua felicidade!

  27. Olá eu vivo hj esse dilema de descobrir minha sexualidade verdadeira e ser religiosa ao mesmo tempo , a seis anos sou religiosa e tive namorados antes de vir para o convento. Mas ao entrar e com meu trabalho que realizo sinto atração por algumas mulheres quem em nossa comunidade principalmente com as que são bi , sinto desejo por elas, mas ao mesmo tempo me recrimino por isso ,atualmente faço terapia e descobri minha sexualidade esta sendo difícil ,pois agora tenho q tomar decisão de não mais fugir e de me assumir mas estou com medo de tudo isso

  28. Olá.
    Fiz 40 anos recentemente e estou confuso.
    Sempre fui heterossexual, mas de uns anos para cá, meu desejo por homens aumentou.
    E hoje acho que sou bissexual pois não deixei de gostar de mulher.
    Não sei o que fazer…

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