Nessa semana me reuni com alguns amigos que ainda não sabem que namoro uma mulher. No apartamento onde a festa acontecia apenas cinco pessoas sabiam: os donos da casa (minha amiga e o marido) e outras três amigas. O restante – talvez umas dez pessoas – nem fazia ideia. Eles me conheceram na faculdade, quando eu ainda namorava um homem.
Em meio a várias conversas, o assunto da homossexualidade entrou em pauta. Os meninos defenderam o beijo lésbico como algo sexy e interessante: “É bonito ver duas mulheres se beijando”. E citaram desacreditar que um de seus amigos não gostava. “Como um homem pode não gostar disso, não é?”.
Foi quando uma das garotas replicou: “Ah, mas precisam ser duas garotas femininas”. Eles concordaram, mas ao mesmo tempo disseram que continuaria sendo interessante, caso uma delas fosse um pouco mais masculina.
A mesma garota começou a contar que andava com um grupo de homossexuais e que sua mãe achava que ela poderia ter uma queda por garotas. Os meninos vibraram e ela (vermelhíssima) revidou: “Não, não, eu nunca tive uma relação dessas. Mas nada contra”.
Eles continuaram a insistir para ver se extraíam algo dela, quando por fim ela disse: “Não, eu nunca fiz nada errado”. Pensei intimamente que talvez ela não achasse aquilo errado de verdade, mas precisava se livrar daquela sinuca em que ela mesma havia se colocado. Ou talvez o preconceito dela fosse maior do que ela poderia demonstrar. Afinal, hoje em dia ter preconceito está fora de moda, pega mal. E ele fica velado, fingindo não estar ali. Pelo menos em grupos de pessoas com a “cabeça mais aberta”.
Pensei em entrar na conversa neste momento, mas achei que a minha opinião não mudaria em nada. A única coisa que fiz foi tachar um garoto (que não estava lá) de preconceituoso porque ele achava a situação “estranha”.
Achar “estranho” é eufemismo para preconceito. Achar “nojento” é quase dizer que beijaria, mas não contaria para ninguém. As pessoas mentem descaradamente sobre elas e sobre os outros. Mentem porque elas têm preconceitos sobre os seus desejos mais íntimos e porque aprenderam que certas coisas são erradas e pronto.
Em uma festa parecida, chegaram a me perguntar se eu beijaria uma mulher. Disse que sim. Os meninos me olharam incrédulos: “Vai, fala a verdade!”. Respondi com força: “Mas eu estou falando a verdade”. Para algumas pessoas ainda é difícil acreditar que alguém “heterossexual” (o que eu não sou, mas eles acreditam que eu seja) admita algo assim. Por que eu ainda não contei? Porque ainda não me sinto confortável diante de algumas pessoas. Talvez seja uma contradição à minha crítica, mas pelo menos eu não minto quando me perguntam algo. Só não me acho obrigada, por enquanto, a sair contando para todo mundo sobre a minha intimidade.
Desde que o mundo é mundo existem homossexuais, bissexuais e por aí vai. O que muda é como as pessoas de variadas épocas lidaram com isso. As pessoas da nossa época, apesar de alguma evolução, fingem que aceitam e respeitam. Mas no fundo, não sabem lidar nem com os próprios sentimentos.
É verdade!O preconceito é uma das barreiras que AINDA enfrentamos,no qual,preferimos manter sigilo para algumas pessoas de mente fechada e preconceituosa.
Concordo em gênero, número e grau.
E te pergunto amiga: Será que é necessário contar ? Será que é necessário dar essa chance pras pessoas te castigarem ? Te maltratarem, te julgarem ? Não sei se quero pintar esse alvo multi-colorido na minha testa e passar por situações que não condizem com a minha verdade.
Hoje e até onde me sentir seguro, prefiro me manter como estou. Quieto e vivendo minha vida.
Essa pseudo aceitação sempre irá existir e prefiro não ver as garras alheias saltarem da pele.
Abraços
Sinner
Olha, faz um tempo que ando “rondando” seu blog. Tenho gostado do que leio, de verdade! Sou um homem, bissexual, “casado” com outro homem e acho muito bacana termos blogs que falem das pessoas bissexuais (não só sobre a bissexualidade em si, mas sobre a pessoa por trás do rótulo). Esse seu depoimento “mais pessoal” é fantástico!
E sim, existe muito preconceito, mesmo nas mentes “mais abertas” e é combatê-lo é trabalho de formiguinha: pequenas vitórias conquistadas aos poucos.
Tem gente que acha que “se assumir para a sociedade” é fundamental nessa luta. Eu acho que a questão de se assumir é de foro íntimo, porque, concordo com vc que “se abrir para todo mundo” é deixar uma porta e uma janela abertas para uma tremenda invasão da privacidade. Não encaro isso como condição para combater o preconceito, pois não acho que todo mundo tem obrigação de virar “mártir” pela “causa” e acho perfeitamente possível que pessoas percebidas pela sociedade como heterossexuais semeiem ideias que destruam esse mal que nos assola.
Estou seguindo o blog, viu? Parabéns pelos textos, brilhantes, mesmo!
Abraços!!
PS: Sobre o título do seu post, sem querer já chegar “metendo o pau”, mas seria uma boa evitar usar esse termo “homossexualismo”. Já até escrevi sobre isso uma vez (http://umpotedeouro.blogspot.com.br/2012/02/briga-em-torno-do-ismo.html) e juro que a intenção não é o patrulhamento, ok?
Você escreve muito bem.
adorei seu blog…muito dinamico…mto esclarecedor…ajuda muita gente ..pode ter certeza!
parabens!
LIVIA interessante o que vc escreveu.. faz sentido, me adiciona no msn
ai gente quem quiser pode me adicionar pra amizades, sou bissexual, feminina de sp
[email protected]
bjossssss